Do latim “chondros” (cartilagem) e “malacea” (amolecimento), a condromalácia patelar significa o amolecimento da cartilagem da patela (ou “rótula”), um osso que fica bem na frente do joelho. Também chamado de Síndrome da dor Patelofemoral, o problema se manifesta por meio do desgaste da cartilagem, que pode ocorrer por diversos motivos.
Como a patela é um dos ossos muito utilizados pelo joelho em movimentos como o de subir e descer escadas e agachar, a cartilagem que está ligada a ela tem como função absorver as forças as quais é submetida, e por isso está tão sujeita a desgastes.
A condromalácia patelar é uma doença de evolução lenta e progressiva em que alguns pacientes podem até não apresentar dores em um estágio inicial, por isso é necessário procurar o médico(a) o ortopedista ao primeiro sinal de desconforto na parte anterior do joelho.
Sintomas
De forma geral, quando a condromalácia patelar começa a se manifestar, os pacientes sentem um desconforto ao redor ou sob a rótula do joelho, que piora ao descer escadas ou rampas, durante e após a prática esportiva ou depois de ficar muito tempo sentado.
Além de crises de dor ou desconforto constante na parte da frente do joelho, a condromalácia patelar também pode causar inchaço, estalos ou ruídos (como um clique) ao se movimentar, ardência e aumento da sensibilidade em dias frios.
Já quando a doença está evoluindo, é comum que os pacientes comecem a sentir um bloqueio articular e uma sensação muito desconfortável de atrito que, com o passar do tempo, dificultam os movimentos.
Causas
O desgaste da cartilagem da patela pode ocorrer devido a uma série de fatores, mas entre as principais podemos dividir as causas em biomecânicas e bioquímicas, conforme explica o médico ortopedista José Mauro Zimmermann.
“As causas biomecânicas da condromalácia patelar podem ser por traumas na região, luxação ou instabilidade da patela. Já as causas bioquímicas são secundárias a patologias como artrite reumatoide, sinovites de repetição, aplicação recorrente de corticóide no joelho ou ainda artrose de joelho”,
Por isso, de modo geral, entre os principais motivos para o desenvolvimento da condromalácia patelar:
- Traumas na região
- Sedentarismo
- Excesso de peso
- Desalinhamento do joelho
- Atividades física de alto impacto
- Idade.
Além disso, de acordo com o Dr. Zimmermann, as mulheres são as que mais sofrem com a condromalácia patelar, devido à constituição física do corpo feminino, com quadril mais largo e joelho com tendência a ser mais valgo (“para dentro”), quando comparado ao corpo masculino.
Graus da condromalácia patelar
A condromalácia patelar pode ser classificada em quatro graus que variam de acordo com o nível de desgaste da cartilagem:
- Grau I: há um certo amolecimento da camada mais externa da cartilagem da patela e pode haver dor e inchaço;
- Grau II: há lesões na cartilagem com até 1,3 cm de diâmetro, mas essas lesões são pequenas e localizadas;
- Grau III: as lesões na cartilagem são maiores que 1,3 cm de diâmetro;
- Grau IV: neste ponto, a cartilagem já sofreu tamanha erosão que é possível visualizar o osso subcondral que a sustenta.
Tratamentos
Quando diagnosticada em seu estágio inicial, a condromalácia patelar pode ter sua progressão suspensa ou desacelerada por meio da realização de exercícios de reforço muscular, sobretudo alongamento posterior e anterior do joelho e do quadríceps (músculo localizado na parte da frente da coxa). Além disso, o ideal é restringir atividades físicas que exijam flexão de mais de 90 graus do joelho com cargas, tais como agachamento, subir e descer escadas
Esse tipo de tratamento costuma ser longo, demorando de seis a 12 semanas para que os sinais de melhora possam ser sentidos.
Após esse período, caso o paciente não apresente melhoras significativas em relação a condromalácia patelar, e continue a ter dores, pode ser indicada uma infiltração com ácido hialurônico para lubrificar a área e fortalecer a camada natural desse ácido que reveste a cartilagem.
Cirurgia para condromalácia patelar
Apenas para pacientes que estejam em um nível mais avançado da doença é que o tratamento cirúrgico é indicado, no entanto, ainda costuma ser uma opção rara. Para estes, o médico utiliza um procedimento chamado de artroscopia para remover as partes afetadas da cartilagem, promovendo uma limpeza geral e podendo realizar algum procedimento reparador ou estimulante da cartilagem.